segunda-feira, 3 de junho de 2013

As línguas da China, Taiwan, Singapura e Malásia

O espaço onde se fala o mandarim hoje é na verdade uma enorme área onde diversas famílias linguísticas convivem.

Quando falamos em "chinês" na verdade estamos falando de um ramo das línguas sino-tibetanas: um grupo de línguas interrelacionadas, muitas das quais mantém sua familiaridade, mas que há muito tempo não são mais intercompreensíveis. Linguisticamente, as chamamos de 'línguas', apesar do governo da China continental chamá-las de dialetos - por motivos mais políticos e sociais que puramente linguísticos. Tanto é assim que certos dialetos tem maior distância linguística do que entre certas línguas européias, como entre as latinas ou entre as germânicas.

Entre estes grupos linguísticos, o maior é o mandarim, com mais de 850 milhões de falantes. É incerto, contudo, o número total de falantes, uma vez que pelo fato de ser a língua ("dialeto") oficial, é o veículo mais usado na educação e mídia na China. Mas mesmo o mandarim tem uma boa quantidade de dialetos e subdialetos.

Outros grupos de línguas chinesas são o Wu (da região que circunda Shànghǎi, onde se fala o dialeto mais comum o Shànghǎihuà) com 90 milhões de falantes, Yue (cujo representante mais famoso é o cantonês - língua de Hong Kong e Macau) com 70 milhões e Min (no sul da China e Taiwan) com 50 milhões de falantes. Há numerosos outros grupos, mas com números menores e também outras línguas que não pertencem ao ramo sino-tibetano.

O mandarim é o "dialeto" padrão baseado em Pequim, mas não é exatamente igual ao dialeto de Pequim, que tem suas particularidades.

Este é um mapa linguístico da China:



Conforme a parte da China, o mandarim é bastante afetado em pronúncia (tons, inicias e finais), principalmente nas partes em que o mandarim não é a língua materna da população, onde os níveis de capacidade no mandarim variam bastante.

Em Taiwan, também há bastante variação linguística. Até recentemente o governo local restringia o uso dos "dialetos", mas com a abertura política na ilha, estes tem recebido novo fôlego. Contudo, o mandarim continua sendo o oficial e principal, tanto na educação quanto na mídia. A segunda língua mais usada é o Hokkien (Fujian) de Taiwan ou simplesmente taiwanês. Como Taiwan foi colônia (e mesmo incorporada como província) no Japão Imperial, até a Segunda Guerra mundial o japonês era a língua da educação e mídia e boa parte dos idosos de Taiwan educados até aquela época também falam (ou só falam) japonês e seus dialetos. Veja aqui um mapa linguístico de Taiwan:



Em Taiwan o sistema de transcrição pīnyīn é pouco usado, sendo o principal meio de transcrever os sons o zhùyīn (mais conhecido como "bopomofo"). O bopomofo é ensinado nas escolas taiwanesas como introdução à escrita em hànzì da mesma forma que pīnyīn é usado na China continental. O bopomofo também é usado sobrescrito (como pīnyīn também é) para indicar pronúncia de hànzì:




Em Taiwan, a grafia chinesa usada é a tradicional.

Em Hong Kong e Macau (as duas regiões administrativas especiais da China), são faladas principalmente línguas do grupo Yue em especial o cantonês. Com o retorno da soberania chinesa, o mandarim se torna língua co-oficial, mas é pouco usado se comparado com o cantonês. Em Hong Kong também se usa a grafia tradicional. Em Macau o chinês é língua co-oficial juntamente com o português.

Em Singapura, o mandarim é uma das quatro línguas oficiais (juntamente com o inglês, malaio e tâmil). Apesar dos chineses serem 76% da população, vários dialetos chineses são usados juntamente com o mandarim (que é falado por 47% dos chineses). O mandarim é a forma oficial da educação e mídia. Veja uma placa de "cuidado" de Singapura:



Nas Filipinas o chinês é reconhecido como língua minoritária e também na Malásia. Neste último, apesar de não ter oficialidade, com quase 30% da população sendo étnica chinesa, o chinês (incluindo seus dialetos) tem um grande papel na sociedade malaia e os chineses tem acesso à educação em chinês.

Para terminar um mapa com a presença de comunidades falantes do chinês ao redor do mundo (azul escuro: língua oficial; outros tons de azul: quanto mais escuro, maior quantidade de falantes; os pontos em azul são as localidades com colônias chinesas).




Para terminar, um vídeo com alguns trechos em várias línguas/dialetos do mundo chinês...



Para ler mais sobre o mandarim e outras línguas chinesas:

Nenhum comentário:

Postar um comentário